quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ó Fortuna!

Não, não é aquilo que estais a pensar. Não comprei uma peça autêntica e marcada da Fábrica do Rato, que vale uma fortuna. Mostro apenas duas deusas da Fortuna em faiança que comprei na Feira de Estremoz, muito baratinhas.


O par de mísulas representando a deusa Fortuna

Nesta época de crise, achei bem ter em casa duas estatuetas da deusa romana Fortuna, que naquele tempo representava o destino e as suas incógnitas. Os imperadores romanos sabiam isso muito bem e nunca dispensavam uma estátua desta divindade nos seus quartos, porque sabiam que a roda da fortuna podia girar a qualquer o momento. Mas se a fortuna era volúvel e instável, ela podia trazer subitamente a abundância, representada nestas minhas mísulas pela cornucópia.

A Fortuna com um dos seus atributos característicos: a cornucópia da abundância

Da cornucópia saiam sem se esgotarem frutos e flores proporcionando a todos abundância e prosperidade. É um elemento mitológico que os romanos pediram emprestado aos gregos e que tem origem numa cabra, Amaltéia, que amamentou Zeus com o seu próprio leite. Mas como Zeus era tão forte, partiu um corno da pobre Amaltéia e então para a compensar, concedeu ao chifre partido o poder de dar sem limites todos os alimentos desejados.


A volúvel Fortuna

Quanto ao fabricante destas mísulas representado a Fortuna desconheço-o inteiramente. Tenho um palpite que talvez tenham saído da Fábrica das Devesas, que encheu as cidades portuguesas e brasileiras com estátuas de alegorias e deusas da tradição clássica, mas não estou seguro. Também coloco a hipótese das Caldas. sei apenas que a vendedora me afirmou que tinham saído de um palácio no Alentejo, cujos donos tinham sido abandonados pela Fortuna.


Em todo o caso, esperando que os favores desta deusa caiam sobre todos vós, deixo-vos com a Fortuna dos Carmina Burana

13 comentários:

  1. Agradeço ,Luís ,o seu pedido feito para todos nós à deusa da fortuna :Esperemos ter sorte como os Imperadores romanos ...Mas que as mísulas são lindas , lá isso são . Mais umas belas aquisições , sem dúvida
    Ab.
    Quina

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  2. Olá Luís

    Parabéns essa bela compra! Acho que um dia destes tenho que ir a essa feira, as que existem no Algarve são muito pobres.

    Abraços do Sul

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  3. cara Idanhense

    Depois dos últimos noticiários não resisti a esta escrever esta brincadeira, este jogo de palavras entre as estatuetas em faiança representando a Fortuna e o infortúnio em que vivemos.

    Abraços

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  4. Caro Zé Júlio

    Fico sempre contente com a visita do homem que cria belos jardins com plantas naturais do Sul e que não precisam de água.

    A feira de Estremoz tem sempre boa faiança, muito embora estas feiras sejam sempre uma surpresa. Quando se procura Ratinhos, encontra-se só porcelana Vista Alegre, mas no dia que se quiser porcelana, encontram-se gravuras ou mobília e se procurar mobílias aparecem velhos azulejos ou cantarias antigas.

    Mas a Feira é sempre bonita, a praça é espectacular, vendo-se o castelo lá no topo.

    Se lá for até gostava de o conhecer

    Abraços

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  5. As peças são lindíssimas, e foram a uma preço irrecusável!
    De onde serão? Devesas é uma das possibilidades mais plausíveis, como afirmas, mas digo-o baseado na tua própria hipótese, pois não tenho qualquer outra ideia.
    Fortuna precisamos todos nós, e não me refiro só à fortuna monetária, que essa é ilusória e um pouco sem sentido quando em demasia (tenho reparado o quão mal faz a quem por este tipo de fortuna é bafejado em demasia), ainda que necessária em módica quantia ... confesso que nunca andei muito atrás dela, antes fui tirando partido das coisas que vieram ter comigo, e creio que até hoje, ainda que não se concretizassem muitas das coisas que tinha planeadas para o meu futuro, considero-me uma pessoa de bem com a vida.
    Refiro-me sobretudo a outros tipos de fortuna, onde se incluem por exemplo a saúde, a família, os amigos, o necessário para levarmos uma vida condigna, o prazer em viver, o trabalhar naquilo que se gosta, entre muitos outros cambiantes que aqui não tem lugar a descrição exaustiva.
    E terminas muito bem, com uma das poucas composições do século XX (a minha escolha incide sobretudo sobre os compositores do século XVII e XVIII) que tanto prazer me dá escutar, como é esta de Orff.
    Não conhecendo tudo o que existe, e de muito do que conheço não consigo ser sensível o suficiente para gostar, sou de opinião que nunca poemas anónimos medievais foram transpostos para a música de forma tão feliz como estes!
    A composição inicia e termina com esta mesma composição que apresentas, numa alusão à roda da Fortuna.
    Agora um pequeno aparte para o nosso amigo Zé Júlio; se se quiser perder por Estremoz será muito bem vindo e terá guarida pela certa, basta que para tanto no-lo faça saber.
    A casa ainda está um pouco meio (im)completa, mas pronta para receber um amigo
    Manel

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  6. Olá Luís,
    Gostei muito das mísulas e da história à volta da deusa Fortuna, acho que fez uma belíssima compra, mas o som dos Carmina Burana pôs-me completamente em órbita...:) Eu que nem sou grande conhecedora ou apreciadora de música clássica, adoro estes coros!!!
    Muito obrigada pelo momento especial e mais uma vez pelo seu sentido de humor, mas
    acho que não há deusa da fortuna que nos valha...
    Um abraço

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  7. Caro Luís
    Indiscutível a beleza das mísulas. Gosto muito do sitio onde as colocou.
    Agradeço a boa música e oxalá as deusas da Fortuna o oiçam....
    Abraços
    Maria Paula

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  8. Olá Luis,
    Incrível como a gente sempre encontra espaço quando aparece uma peça especial, não é?
    Gostei de ver o prato Miragaia, assunto do post anterior, no fundo de uma das fotos.
    Será que terei a sorte e a honra de um convite para conhecer este seu incrível museu particular? ;-)
    Em pouco mais de 1 mês, estarei em Lisboa. Já me dá arrepios, depois de 17 (DEZESSETE!!!!) anos... E há pouco mais de 3 meses eu dizia, um dia retorno! um dia retorno! E não imaginava que a roda da fortuna viraria a meu favor, e olhem só! estou retornando à Portugal.
    abraços!

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  9. Manel

    Nunca persegui a Fortuna, pois se o fizesse nunca teria tirado um curso de história, nem seria bibliotecário, no entanto...se ela me bafejasse com um prémiozinho no Euromilhões...

    Só lhe pedia o suficiente para comprar uma casa maior

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  10. Maria Andrade

    Sabe que o tema da Fortuna surgiu quase ao acaso, quando pesquisava na wikipedia sobre a iconografia das mísulas. Na realidade para este post tinha muito pouco a dizer, pois não sabia nada acerca do fabricante. Comecei então a escrever sobre a Iconografia da Fortuna e o mito da cabra, que alimentou Zeus e então foi surgindo a ideia de fazer um jogo de palavras, que brincasse com esta situação terrível que vivemos. Depois de redigir o texto percebi que tinha que terminar com a Fortuna da compilação dos Carmina Burana.

    Abraços

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  11. Caro Fábio

    Naturalmente, que estás convidado para visitar o meu apartamento em Lisboa. Em três ou quatro passos podes pecorre-lo todo, mas está cheio de cacaria para admirares.

    Agora que vens a Portugal, passarei a tratar-te por tu, se não te importares.

    Abraços

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  12. Cara Maria Paula

    Obrigado pelo seu comentário. Como já não tenho espaço a colocação foi complicada, mas as casas velhas aceitam soluções mais imaginativas que os modernos apartamentos. Há recantos, irregularidades na planta que permitem estas fantasias.

    Abraços

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  13. Luis,
    Eu sei que os portugueses são muito mais formais e educados que os brasileiros, mas faça-me o favor! Já deveria me tratar por "tu" desde sempre, pois da minha parte, nunca tive estas formalidades contigo, sempre lhe tratei por "você", o que como sabe é o coloquial por aqui. E veja a bagunça que fazemos... "contigo" / "você". Você jamais ouvirá um brasileiro com menos de 80 anos dizer "consigo", hehehe!!
    Ainda mais por estarmos na internet, que é O lugar da informalidade, sempre me acostumei a usar linguajar coloquial, e tratamento informal, seja de onde for a pessoa, afinal falamos com gente do mundo (qause) inteiro desde que contamos com este meio.
    abraços!

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