quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O cantão popular

Volto mais uma vez ao cantão popular, a reinterpretação portuguesa do Willow Pattern, para mostrar duas pequenas azeitoneiras muito simples, que são um bom exemplo dos limites imaginativos a que os ceramistas portugueses levaram o padrão do salgueiro. Nelas, os motivos decorativos que contavam história de amor dos jovens chineses perderam todo o significado original e foram reduzidos ao mínimo. Ficou apenas o palácio do Mandarim, que parece uma casinha daquelas que fazíamos na escola, quando aprendíamos as primeiras letras e uns motivos decorativos, constituídos por tracinhos verticais e uns semicírculos, que representariam originalmente a água e umas nuvens. Os pombinhos são duas cruzes.

Os pintores que fizeram estas azeitoneiras não viram peças originais do padrão do salgueiro e muito menos conheciam a história nele contada. Copiaram outras cópias do do Willow Pattern, mas à sua maneira e fizeram uma cara, em que a casa do mandarim é o nariz e a água e as nuvens são os olhos. À volta, traçaram um rendilhado que sugere um cestinho de verga.

Estes imaginativos ceramistas queriam proporcionar aos seus fregueses a sugestão, que depois de comer as azeitonas do cestinho, encontrariam uma cara a espreita-los.

Claro, as peças não estão marcadas e é quase impossível saber quem as produziu.

8 comentários:

  1. duas peças deliciosas de se ver! Adoro seus posts sobre as faianças antigas portuguesas.
    abraços!
    Fábio

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  2. Caro LuisY
    As suas azeitoneiras são de uma beleza incomum.
    Difícil será atestar se gostei mais delas ou ao invés da sua descrição doce...os pombinhos são as duas cruzes...e à volta um rendilhado que sugere um cestinho de verga...
    Logo eu que adoro cestinhos em verga, junco, cana...de todos os tamanhos.

    Vê com a sua escrita simplista me derrete e encanta!

    Confesso que em tantas feiras também encontrei uma semelhante com esbeiçadela no rebordo que retoquei .
    Este fim de semana vou à terra e decidi tira-la da casa rural, antes que me a roubem e levar para a outra casa, afinal é bem mais bonita do que inicialmente me pareceu.
    Também porque encontrei na última feira de Algés duas pequenas malgas e pratos com o mesmo motivo, que comprei.
    Vou expor o espólio por cima do balcão da cozinha. Já idealizo o cenário...tanto romance. Assim quando estiver a fazer os pastéis , receita de família que gentilmente ofertou para os demais, tudo me irá correr de feição. Acredito!
    Um abraço
    M ISA

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  3. Pois, o interessante são as histórias que recrias à volta das pinturas .... essas sim são deveras interessantes!
    Manel

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  4. Caro Luis Y
    O prometido é devido.Tal como disse no fim de semana prolongado estive na provincia.
    Retirei a azeitoneira de Cantão Popular da casa rural e redecorei a sala da lareira da outra casa apenas com peças deste motivo em recriações diferentes no total de onze. Ficou uma maravilha no contraste do painel de azulejo alusivo a Coimbra 1786 em azul.
    Cenário surreal. O meu marido aparentemente não gostou muito, isto porque andamos de candeias às avessas...Mas que ficou bonito ficou. Afinal tenho reproduções assinadas da fábrica de Aradas de Aveiro, muito interessante e que Sacevém também fez, nelas a semelhança no rebordo das peças.
    Obrigada por me incutir um gosto mais refinado nestas faianças, que de todo por desconhecer, não dava a importãncia que afinal têm.
    Quem diria, eu fora deste contexto diário, no meu mundo rural, ainda me lembrei de si. Tanta fainça, pendurei mais 4. Não sei onde isto vai parar, é viciante.
    Bem haja

    Maria Isabel

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  5. Fez muito bem retirar a azeitoneira da sua casa de campo e fazer uma composição só com as peças de cantão popular. Estas faianças em conjunto fazem um efeito espectacular, semelhante aquele que os painéis de azulejos fazem nas igrejas ou nos palácios e é por essa razão que azulejos e cantão popular ficam tão bem juntos.

    Tenho cantões populares um pouco por toda a casa, mas talvez o arranjo mais giro que conheço foi o que o meu amigo Manel fez na cozinha dele, que revestiu integralmente a parede da chaminé com estas faianças.

    Abraço

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  6. Olá ,Luis
    Desde que descobri o seu blog,não deixo de cá passar
    Como você,também eu sou uma fanática por velharias
    mais de loiças Vista Alegre e muito antigas
    Tenho Muitos serviços antigos ,herdados de amigas de idade
    Tenho tanta coisa,tantas peças soltas desde tigelas,pires,bulesetc
    Tenho só um pequeno problema ou melhor 3
    3 filhos que detestam velharias,menos mal que o meu marido já aprendeu a gostar de certas peças
    Como sei que o Luis adora traquitanas velhinhas ,não me importo nada de lhe oferecer certas peças que tenho aqui á solta
    Chávenas ,pires etc
    Coisas bonitas e com qualidade
    Que acha?Aceita a minha oferta?
    Como o contacto?
    Moro perto de Odivelas
    Não tenho nada de cantão
    Que tal trocarmos umas pecinhas também?
    Tenho MUITAS peças
    Desde talheres de prata soltos a 4 cartilhas em madrepérola muito antigas
    Como o contacto?
    Abraço da
    Maria sardenta

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  7. Olá ,Luis
    A Maria sardenta é a grazy
    Quando(SE) me responder é esse o meu nome ...GRAZY
    Não demore muito a responder ,Ok?
    Todos os dias venho aqui
    Abraço

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  8. Cara Grazy

    Muito obrigado pelos seus comentários encorajadores e simpáticos. Os meus filhos também não se entusiasmam muito por velharias, embora tenha esperança que com a idade vão tomando mais o gosto. Mesmo assim, à conta de algumas visitas a museus já comecem a olhar as coisas antigas de outro modo.

    Quanto às trocas, envie para o meu mail montalvao.luis@gmail.com as peças que lhe interessem menos e eu logo verei se as quero e nesse caso proponho alguns cantões populares como moeda de troca. Tenho preferência pelos motivos das flores do Século XIX e também me encantam os antigos paliteiros

    Abraços

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